Ansiedade na Adolescência e Psicoterapia Centrada no Presente

A Gestalt-terapia é uma abordagem centrada no presente que enxerga o ser humano como um todo integrado, considerando corpo, mente, emoções e ambiente. Aplicada à ansiedade na adolescência, essa perspectiva amplia a compreensão do problema, abordando tanto os aspectos internos quanto as influências externas que moldam a vivência do jovem.

Ansiedade e o “Ajuste Criativo” na Gestalt-terapia

Na Gestalt-terapia, a ansiedade é vista como uma interrupção no “fluxo de contato”, que refere-se à capacidade do indivíduo de interagir com o ambiente, atender suas necessidades e lidar com os desafios do dia a dia. Quando esse processo é prejudicado por fatores como pressões sociais, conflitos emocionais ou falta de suporte, a ansiedade emerge como um reflexo dessa desconexão.

Outro conceito central é o “ajuste criativo”. Nesse contexto, a ansiedade é compreendida como um esforço do adolescente para se adaptar a mudanças ou desafios. No entanto, adaptações disfuncionais podem gerar tensões internas e sofrimento emocional, intensificando a ansiedade.

Conexão com o Presente e Consciência Emocional

Um dos principais diferenciais da Gestalt-terapia é o foco no “aqui e agora”. Adolescentes frequentemente se preocupam com o futuro ou se prendem ao passado, o que alimenta a ansiedade. A terapia incentiva o jovem a reconectar-se com o presente, observando como os sintomas ansiosos se manifestam no corpo, nos pensamentos e nas emoções no momento atual.

Além disso, a Gestalt-terapia promove a consciência emocional, ajudando o adolescente a identificar e expressar sentimentos confusos ou reprimidos. Essa prática permite uma compreensão mais profunda de suas necessidades e favorece o desenvolvimento de uma relação mais saudável consigo mesmo.

O Papel das Relações e do Ambiente na Ansiedade

Na visão da Gestalt-terapia, o adolescente é inseparável de seu ambiente. Fatores como a dinâmica familiar, relações escolares, amizades e pressões sociais desempenham um papel significativo na origem e manutenção da ansiedade. Por exemplo, expectativas externas excessivas podem levar o jovem a internalizar demandas e desenvolver desconforto emocional.

O terapeuta gestáltico trabalha com o adolescente para explorar essas relações e compreender como elas afetam seus estados emocionais. Esse processo ajuda o jovem a estabelecer interações mais saudáveis, promovendo equilíbrio e bem-estar.

Técnicas Gestálticas para Lidar com a Ansiedade

A Gestalt-terapia oferece ferramentas práticas para ajudar adolescentes a compreender e lidar com a ansiedade de maneira transformadora:

1.Consciência Corporal e Sensorial

Como a ansiedade frequentemente se manifesta por meio de sintomas físicos, como tensão ou agitação, exercícios focados na percepção corporal ajudam o adolescente a reconhecer esses sinais e aliviar tensões acumuladas.

2.Diálogo Interno

Conflitos internos, como autocrítica severa ou medos intensos, são abordados por meio de técnicas como o “diálogo de cadeiras”, que permite ao adolescente externalizar e integrar diferentes aspectos de si mesmo.

3.Encenação e Experimentação

A dramatização de situações que geram ansiedade ajuda o jovem a explorar respostas alternativas e a desenvolver confiança para lidar com desafios reais.

4.Reconstrução do Ciclo da Experiência

A ansiedade frequentemente interrompe o ciclo natural da experiência (sensação, consciência, mobilização, ação e fechamento). A terapia auxilia o jovem a identificar essas interrupções e concluir o ciclo de forma saudável.

Ansiedade como Oportunidade de Crescimento

Na Gestalt-terapia, a ansiedade é interpretada não apenas como um obstáculo, mas como uma oportunidade de autodescoberta e crescimento. Ao enfrentar seus medos e desafios, o adolescente desenvolve resiliência, autoconhecimento e habilidades para lidar com futuras adversidades.

Com seu foco no presente e sua abordagem integrativa, a Gestalt-terapia oferece um caminho acolhedor e transformador para adolescentes que vivenciam a ansiedade. Esse processo irá promover a compreensão das próprias experiências, o restabelecimento de conexões saudáveis e o desenvolvimento de uma relação harmoniosa consigo mesmos e com o mundo ao seu redor.

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